O Mistério do Reino dos Céus (Mat. 13.11)

(Por Ícaro Alencar)

1. Introdução.

Como havíamos estudado anteriormente, depois que Jesus Cristo ofertou o reino e os judeus rejeitaram, o estabelecimento do reino messiânico foi adiado para a segunda vinda do Rei e um reino espiritual que não havia sido antevisto por nenhum profeta do AT seria manifestado entre os homens; tal adiamento era um mistério apenas do ponto de vista humano; do ponto de vista Divino, tal período sempre foi conhecido. Pela rejeição, Jesus Cristo revela aos discípulos através de parábolas que o reino seria estabelecido apenas depois de um período, chamado de “mistérios do reino dos céus” (Mat. 13.11). Elmer Towns afirmou que

Os judeus dos dias de Jesus esperavam um Messias político, um rei conquistador que empurrasse os romanos para o mar. Logo que os judeus começaram a enjeitar Jesus e seu reino [messiânico], Ele ofereceu-se como um Rei espiritual para governar os corações de seus súditos. Durante a era da Igreja, Jesus conquistaria o interior de seus seguidores, governando com paz e valores interiores. A Igreja não seria um exército político, mas um exército evangelístico. A Grande Comissão conquistaria indivíduos e povos. Mateus 13 introduz este outro estágio do reino, explicando o que o Rei estaria fazendo enquanto estivesse fisicamente ausente. A passagem apresenta uma sequência de eventos entre a primeira e a segunda vinda […]. [1]

Este aspecto espiritual do reino foi totalmente oculto de todos os profetas do AT, e apenas revelado por Jesus Cristo aos seus discípulos, de modo que toda a Era da Igreja era um mistério que Jesus Cristo trouxe à luz em seu ministério e também foi mencionado em outras partes do NT (cf. Rom. 11.25; 16.25; 1Cor. 2.7; 4.1; Ef. 3.1-7; 6.19; Col. 1.26). Em Mateus 13 Jesus Cristo explica vários aspectos do reino espiritual hoje, entre eles as características do próprio reino espiritual, bem como as reações dos homens à mensagem do reino (“boa semente”), e outros aspectos do reino de Deus hoje, durante todo o período interadvento, até a chegada da “ceifa”.

2. Parábola do Semeador (v. 3-9, 18-23).

A parábola do semeador demonstra que o período do reino de Deus hoje, seria marcado pela semeadura da semente entre os homens, os quais terão reações diferentes à palavra do reino e suas respostas serão diversas, como representadas pelos tipos de solo:

Semente junto ao caminho ( 4,19). A semente é lançada e cai junto ao caminho; este solo é de terra batida e dura; assim, o maligno arrebata a palavra e não há receptividade para a palavra do reino; desta maneira, a palavra ‘seca’.

Semente que caiu nos pedregais (v. 5,20-21). A semente é lançada sobre uma pequena porção de terra boa sobre pedregais; rapidamente a semente dá frutos por causa da pouca terra, mas logo seca, por não haver profundidade suficiente, indicando uma mera aceitação superficial.

Semente entre espinhos ( 6-7,22). A semente cai em uma pequena porção de terra boa; no entanto, havia ali também várias ervas daninhas e espinhos que, após crescerem, findaram por sufocar a semente, tornando-a incapaz de produzir frutos.

Semente em boa terra (v. 8,23). A semente cai em uma boa terra, arada e adubada, a qual produziu muitos frutos, a “cem”, a “sessenta” e a “trinta” por um; isso demonstra que, no decorrer do avanço do reino espiritual, os frutos diminuem, ou seja, o bem e o mal crescerão paralelamente e apenas uma parte dos que ouvem a palavra do reino realmente produziriam fruto.

3. Parábola do Joio (v. 24-30,36-43).

A parábola do joio é semelhante à Parábola do Semeador, mas diverge em outro sentido; enquanto na primeira ressalta os diferentes tipos de recepção da boa semente, aqui, fica claro que no período do reino de Deus hoje, tanto a “boa semente” (verdadeiro evangelho) quanto à “semente ruim” (falso evangelho) crescerão juntos, i.e., ambos os evangelhos serão proclamados até ao tempo da ceifa (o julgamento das nações, na segunda vinda de Cristo, antes de estabelecer o milênio).

4. Parábola do Grão de Mostarda (v. 31-32).

A parábola do grão de mostarda serve como uma ilustração do rápido crescimento da igreja (“um pequeno grão plantado pelo homem, que ao crescer, torna-se a maior das plantas”); as “árvores que se aninham em seus ramos” pode ser tanto a cristandade professante, i.e., aqueles que professam Cristo, mas não necessariamente, seja verdadeira a profissão de fé.

5. Parábola do Fermento (v. 33).

A parábola do fermento está relacionada à anterior, quanto ao crescimento; no entanto, o fermento sempre que mencionado, diz respeito à penetração do mal na cristandade professante (Mat. 16.6; Mc. 8.15; 1Cor. 5.6-8; Gál. 5.7-9); portanto, um crescimento superficial seria notado, mas este crescimento, era em decorrência da penetração do mal entre os que confessariam superficialmente a Cristo Jesus.

6. Parábola do Tesouro Escondido (v. 44) e Parábola da Pérola de Grande Valor (45-46).

A parábola do tesouro escondido diz respeito à redenção em Cristo Jesus; o homem (Cristo) vende tudo o que possui para adquirir a propriedade (morte na cruz) e adquire um tesouro escondido e uma pérola de grande valor (os beneficiados da redenção dados à igreja, a pérola e o tesouro escondido, cf. Filip. 2.7,8; 1Ped. 1.18,19).

7. Parábola da Rede (v. 47-50).

A parábola da rede representa o juízo ao fim desta era. A rede (evangelho proclamado) alcança todo tipo de peixes: os peixes bons (salvos) que são conservados e os maus (perdidos), que são lançados fora.

Notas
[1] TOWNS, Elmer. Parábolas do Reino, em LAHAYE, Tim; HINDSON, Ed. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. CPAD: Rio de Janeiro, 2012. p. 335-336.

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